quinta-feira, 2 de julho de 2015


                                                                                                    Coluna: (Re)flexionário
                                                                                                    Autora: Mandy

 
Então para explicarmos de forma clara e objetiva para quem não entendeu o que é no que impacta este projeto de lei, vamos aos dados e fatos.

Segundo o site do JusBrasil (fonte acadêmica): “Nos 54 países que reduziram a maioridade penal não se registrou redução da violência. A Espanha e a Alemanha voltaram atrás na decisão de criminalizar menores de 18 anos. Hoje, 70% dos países estabelecem 18 anos como idade penal mínima”

Sistema Carcerário x Sistema Educacional: O Brasil hoje comporta a 4ª maior população carcerária do mundo, chegando a 500 mil presos.  Cada um destes centros de detenção provisória ou segurança mínima, máxima, enfim, qualquer forma de aprisionamento não dispõe de nenhum apoio para reintegração na sociedade ou solução dos problemas econômicos da família.

Hoje o país chega a investir até R$ 40 mil por ano em cada detento, enquanto que para um aluno o gasto gira em torno de R$ 15 mil.

No ano de 2015 os cortes nos investimentos da educação atingiram os 7 bilhões, e quando falamos de deficiência no sistema educacional, falamos também de professores que perdem sua qualidade de trabalho devido à tamanha exploração do estado, além de cortar-lhes os direitos trabalhistas, infringirem leis para fazer com que paguem pela greve, que por sinal é assegurada por lei.

Mas espera aí, todos estão insistindo no investimento da educação para evitar a população carcerária, pois a educação é a estrutura e a base de um povo. Mas vamos retornar um pouco, vamos analisar um pouco mais a fundo.

Em minha mera opinião, problemas sociais merecem atenção e uma análise ampla do assunto, quais são as variáveis que influenciam em um problema social? Quais são os fatores? Qual a origem do problema? Quem são os agentes do problema? Quantas outras esferas estão envolvidas? As perguntas são inúmeras para quem decide entrar a fundo no debate, e acredito que quando falamos da base do país estamos falando muito mais do que de educação, estamos falando em diversos outros direitos que impactam no desenvolvimento do individuo na sociedade.

Então aos fatos sociais.

Segundo o site Carta Maior, os 0,9% mais ricos do País detêm entre 59,90% e 68,49% da riqueza, sendo as principais fontes de acumulação de riqueza os fluxos de renda e heranças.

Segundo o site da EBC o total de pessoas que vivem na extrema pobreza passou de 10.081.225, em 2012, para 10.452.383 no ano passado (2013). A proporção de extremamente pobres subiu de 5,29% para 5,50%, também a primeira alta desde 2003.

Segundo os dados coletados pelo Instituto Data Popular, 12 milhões de pessoas vivem atualmente em favelas em todo o país o que corresponde tamanho do Rio Grande do Sul, quinto maior estado do Brasil. No total, 67% dos moradores são de negros, 42% dos lares são chefiados por mulheres e 52% já passaram fome. E seis de cada dez moradores da favela foram vítimas de preconceito.

Em suma, falta emprego, faltam serviços públicos de qualidade (transporte, educação, moradia, saúde e demais amparos sociais), falta renda pra uns enquanto que sobra para outros, falta um salário mínimo digno, e os custos com o padrão de vida só aumentam a medida que o país é corroído pela corrupção que visa o lucro dos grandes governantes e empresários. Pouco a pouco o país entra em uma depressão social, entra em ruínas dos direitos e logo o individuo se vê na necessidade de buscar por uma alternativa para não sofrer com a fome, com a doença, aliás, com a pior doença, a social.

Não é dizer que apoio a violência, tão pouco dizer que somos homens e mulheres das cavernas que atendem seus instintos que garantem sua sobrevivência entre dinossauros, mas de certa maneira, todos estamos buscando por sobrevivência, e sinceramente cansei de tanta hipocrisia, fala-se tanto do pobre pai de família e da pobre criança, mas não compreendem que quando a fome chega, somos capazes de tudo, e isso a história comprova, não sou eu que estou dizendo, porém imaginem, todos caminhos que tenta se seguir existe uma barreira estatal impedindo que você supere, que você viva, é como se o próprio governo desejasse o fim de sua população. A crise é maior ainda quando a violência torna-se a cultura de um povo, um povo da minoria que sofre com sua classe social, sofrem a violências das forças policiais e a exclusão de uma sociedade, logo este meio torna-se tudo o que sabem, torna-se o dia comum, a rotina, torna-se a revolta de ter aquilo que outros têm, torna-se na própria ação de tomar de volta o que é nosso.

Mas o cenário complica quando é pobre contra pobre, povo contra povo e o governo, nada de novo.

Opiniões e opiniões.

Participando de diversos debates a cerca desta polêmica, nota-se que a grande maioria da população não faz ideia de como este projeto de lei é uma tremenda enxugação de gelo, como é nada mais que uma medida paliativa que se mostra totalmente ineficaz, é a mesma ação de aumentar o policiamento para garantir a segurança dos indivíduos. Pensam que o encarceramento é a solução, quando ainda nem chegamos a causa-raiz do problema. Não existe solução sem análise da origem do problema, esta é uma cadeia de processos que deve ser respeitada para que funcione, caso contrário continuaremos com ações que não geram resultado algum.

E aí a opinião da geral era que os menores sabem realizar um ato violento portanto precisam saber receber sua devida punição. Ah mas o menor cometeu um crime “x” absurdamente violento e precisa pagar, ah mas se não aprovar a PEC eles continuarão “aproveitando” da “boa” lei que permite que eles realizem crimes, inclusive hediondos.

Esquecem que para evitar a violência deve-se ser um indivíduo que receba os direitos básicos à vida, esquecem que para agir com sabedoria e justiça deve-se receber isso da sociedade em que se vive, esquecem que neste país somos o espelho de nossos governantes, “matamos, roubamos,” e esperamos ficar impunes, pois afinal, eles estão impunes até hoje. Esquecem que grades não solucionam a revolta deste país, as grades são como chamam de “a faculdade” que te ensina cada vez mais sobre o ódio e sobre toda a vivência sofrida, e sobre toda a maldade que esta sociedade pode fazer nascer num indivíduo, as grades são para separar e fazer lembrar que o pobre não tem vez, enquanto que o rico vai usar a lei e adapta-la quando ele bem entender.

Antes de permitirmos que coloquem as grades, temos de abrir o espaço, trazer a liberdade, molda-la em princípios de igualdade, e assim estruturar um futuro indivíduo de bem que não será só mais uma estatística, que será uma personalidade autônoma e que afirmará seus direitos de viver nesta sociedade. É preciso parar de pedir por grades e sim pedir por direitos, vamos culpabilizar quem deve ser culpabilizado. Os menores nesta ação são apenas os agentes do problema, apenas aqueles que acabam por executa-lo, mesmo que sem querer, e o causador do problema, parece que todos têm medo, parece que sempre querem bater no mais fraco, aquele que tá lá no alto cercado por suas policias fascistas, a sociedade quer distância.


A redução não corrige o problema social ou da violência, mas a queda deste governo falido sim. É preciso a queda dos antigos moldes opressores para a ascensão da liberdade e igualdade.

Coluna: Curiando Por aí...
Autora: Karol Oliveira     


De certo modo sou a favor da redução, porém, o país não tem estrutura para isso. Acredito na reformulação do ECA, crianças e adolescentes estão cheios de direitos, mas cumprir seus deveres que é bom, nada, toda ação tem uma reação.

O país acaba investindo muito em repressão e a educação fica esquecida. Professores cada vez mais desvalorizados, escolas que parecem verdadeiras prisões. O engraçado é que para aprovar aumento salarial para parlamentares e contratação de novos assessores o Governo tem dinheiro.

Trabalhei em escola pública de ensino médio,  os alunos hoje não sabem o que é respeito, ainda tive sorte por trabalhar em uma ótima escola, mas infelizmente não é a realidade da maioria, podemos contar nos dedos de uma mão quantas escolas por Diretoria de Ensino do Estado de São Paulo é possível chamar de "boa". O que acontece muito é professores e funcionários sendo ameaçados diariamente, mas a culpa não é desses jovens , nem dos pais, que na maioria trabalham o dia inteiro, a culpa é de um país que prefere deixar seu povo cada vez mais cego, para que continuem enchendo suas contas em paraísos fiscais, com dinheiro público, sem ninguém para reclamar disso.

Como ativista, vi com meus próprios olhos que o trabalho de base, a educação e o incentivo à cultura fazem toda a diferença, falar com eles e não só para eles, todos os dias já lhes dizem o que fazer, mas quantas pessoas os escutam? Quantos escutam o que eles querem ser quando crescer? Quantos se tornam de fato o que sonharam um dia?

Então esse é um momento de luta para salvar a juventude atual e futura desse país e não aumentar a marginalidade,   se o inferno de um presídio já destrói um adulto, o que fará com um jovem que tem tudo pra ser alguém na vida? Mas eu concordo que se com 16 anos pode assumir uma responsabilidade tão grande que é  votar , pode sim assumir as consequências de seus atos. Acredito também na reformulação das instituições para menores infratores, algumas fazem um ótimo trabalho de reeducar adolescentes, mas outras são iguais a um presídio.

Infelizmente sabemos  que na prática, o "playboy" não será preso e condenado, mas sim o negro e pobre da favela. Todos os dias eles já são condenados, em sua maioria recebem pena de morte em julgamento de minutos, o que acontece de fato na periferia não está no Tropa de Elite e nem na novela das 19h, quanto a verdadeira realidade, a maioria prefere fechar os olhos e fingir que não vê.

Enfim, esse é um assunto para uma longa discussão de diversas opiniões, mas todas corretas serem pontos de vista diferentes. Em alguns casos só o velho mi mimi de sempre preciso o diálogo e se atentar as brechas e contradições dessa e de tantas outras leis.



F.A.Q.

FAQ (tchau O.I. oi Nerd na Trip)

Agora que consegui sentar e sossegar bora tirar dúvidas da patota...

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