terça-feira, 26 de maio de 2015

Texto e imagens: Ribas Machado


Como imaginei ontem, aquela faixa contra a redução da maioridade penal, não fazia parte do cenário e, portanto, hoje já não estava mais pela galeria, eu, mesmo sem também fazer parte do Colóquio e prevendo um pouco mais do mesmo (que, por sua vez é bastante especial, então borandar!!), lá estava descendo a ladeira e me dirigindo para mais um dia com aquele pessoal batuta e especial...


Cheguei por volta das 9h15, atrasado portanto, mas a primeira Mesa/Painel só começou por volta das 09h30, então tudo bem (ainda bem).

Tal Mesa/Painel, tinha como tema "O uso da força e a prevenção da violência - O papel do Estado", e  era composta por (seguindo a foto abaixo, da esquerda para a direita) Camilla Maia (CELS), Rafael Custódio (Advogado, coordenador do "Programa Justiça" da Conectas Direitos Humanos -foi o facilitador da Mesa/Painel-), Eddie Hendrickx (Belga, especialista em assuntos relacionados à polícia, internacionalmente reconhecido, e atuou no treinamento do corpo policial sul-africano após o fim do Apartheid)...


E (ao vivo, através do Skype) pelo Sociólogo Rodrigo Ghiringelli de Azevedo.


Todos os palestrantes demonstraram conhecimento do tema e bastante sensibilidade para com o mesmo, mas sou obrigado a confessar que senti falta de um "algo mais", seja pela falta de tempo para um grande aprofundamento dos vários sub temas citados, seja pelo fato de, por vezes (raras, mas existentes) ainda surgirem em suas falas resquícios da figura do "baderneiro que precisa ser controlado e afastado", "da maçã podre que se destaca no meio da manifestação e a estraga e (ou) acaba gerando uma reação -atabalhoada e criticada- da repressão" (não usaram essas colocações, é verdade, mas o "conjunto da obra" deixou EM MIM, esta impressão/incomodo). 

Além disso, outro ponto que me incomodou (mas aí é culpa quase que exclusiva da minha própria expectativa), surgiu na última fala do Painel, qual seja a do especialista Eddie Hendrickx (que fechou a série iniciada pelo Rafael e seguida pelo Rodrigo e pela Camila), pois em sua palestra...


Repleta de informação, demonstração de domínio do tema e lâminas muito interessantes...

 




O palestrante seguiu uma linha (ou eu entendi -mal- que ele assim o fez) na qual ele (reitero que com muita qualidade) demonstrou e discutiu, usando de uma visão bem crítica da polícia (é verdade), formas de como ela (polícia) poderia/deveria melhorar, para prevenir a violência (sua e dos manifestantes), com isto, melhor controlando/gerenciando as manifestações.

Tá, ok! Mas, espera um pouco, nessa hora, enquanto ouvia a palestra uma musiquinha tradicional em manifestações, surgia na minha cabeça, qual seja, aquela que diz: 

"que coincidência, NÃO tem polícia, NÃO tem violência!!!" 

E, com isto eu ouvia e pensava, pensava e ouvia... Aí ficava me perguntando (por isto o incomodo), quando será que ele irá falar que a polícia MUITAS VEZES nem deveria "estar na manifestação"? Quando que ele irá falar (e pq os outros não trabalharam mais o assunto) sobre a relação "polícia = braço armado do Governante = cachorrinho treinado do engravatado da vez" que, simplesmente, cumpre ordens, sem pensar, e, portanto, por melhor preparo que tenha, se vier uma ordem para acabar (ou nem deixar começar) a manifestação, será isto que será feito e ponto final???

Quando, quando, quando????

Esta sensação de "falta", me frustrou um pouquinho, mas repito que foi um painel bem interessante e bem trabalhado (embora estragado pelo meu excesso de expectativa).

Ah! Lembram que eu comecei me referindo a "mais do mesmo", pois bem, nunca errei tanto (e amei isto!!), até a arrumação do salão estava diferente!!!


Painel/mesa finalizada, o evento teve uma pequena pausa, quando os participantes puderam conversar e interagir um pouco...



Até por volta das 11h51, quando, então, a segunda Mesa/Painel começou!

Desta vez o tema era: "As armas menos letais"

E a mesa foi composta por (da esquerda pra direita, temos)...


  •  Mariam Al-Khawaja (Bahrein, integrante do Gulf Center for Human Rights do Bahrein -GCHR-). 1ª a se pronunciar;
  • Hanui Choi (Coreia do Sul, trabalha no movimento global, onde milita pela interrupção do fornecimento das denominadas armas menos letais da Coréia do Sul para a Turquia). 3ª a se pronunciar;
  • Jefferson Nascimento (CONECTAS, facilitador da Mesa/Painel)
  • Rohini Haar (EUA, médica que atua no Physicians for Human Rights, PHR, onde foca sua atenção nos efeitos físicos e psicológicos da tortura e da violência sexual, na documentação de ataques a civis, no abuso do uso da força policial, bem como na proteção de instituições médicas e profissionais da saúde enquanto atuam em crises humanitárias). 2ª a se pronunciar.
 Tal painel, além de muita informação, fotos, vídeos, estatísticas...






Abriu, também, espaço para debate e perguntas...


E, até pelo tema, lógico que o Alexandre do GAPP, não deixou a oportunidade passar



No fim (do Painel) a sensação deixada (com a qual concordo!!) é a de que a conclusão final caminharia no sentido de um entendimento de que acabar com o uso de armas não letais, na repressão dos protestos/manifestações, atualmente, poderia ser contra producente e trazer um problema maior, pois com tal fim, os órgãos de repressão, na falta de outro mecanismo, voltariam a usar as chamadas armas letais, com isto uma solução interessante seria a busca por uma maior e mais real responsabilização/punição das forças policiais (pelo mau uso das ANLs) e uma melhor regularização (talvez até mais internacionalizada) do uso das ANLs.
Obs: Com relação à pergunta do Alexandre, a médica Rohini, respondeu, citando experiências na Irlanda do Norte e na Hungria, onde o uso de ANLs foi bastante reduzido e trocado por práticas mais físicas (como exemplo -não citado, diga-se- teríamos a técnica do "Caldeirão de Hamburgo" usada aqui em São Paulo, tragicamente, durante a repressão dos atos contra a Copa de Mundo de 2014)
13h40, painel finalizado e manifestantes liberados para ir almoçar até por volta das 15h00, quando, então, seria iniciada a "Feira de Ideias" (eu já disse que de "mais do mesmo", não tivemos foi nada, hoje, né? Ok!).

Embora liberados, nem todos os participantes foram embora, ao mesmo tempo, juntos, alguns ficaram mais um pouco e aproveitaram para tirar fotos com uma figura nova que acabará de chegar... Me refiro ao fotógrafo ativista e membro do GAPP, Eli Simioni que veio (junto com a Jova) para ajudar o Alexandre na Feira...





Fotos tiradas, participantes já (quase todos) fora do salão, relógio marcando por volta das 14h00, é iniciada a montagem da estrutura para Feira que iria começar em breve... (MAIS NOVIDADES)

 

Acompanhei um pouco, e como a fome não era tanta, resolvi sair atrás de "comida amarela"...

Achei, e comi uns pasteizinhos...


Voltei rápido para o Salão, onde faixas ainda eram esticadas e a cuidadosa arrumação continuava!



15h07 e a Feira de Ideias começa oficialmente!


- Tá, mas o que era a Feira de Ideia, Ribas?
 Basica e resumidamente, a Feira de Ideias era/foi uma dinâmica onde todos os participantes, tiveram uma espaço, uma mesa, para montar um stand





E, nele, receber os demais participantes, jornalistas, organizadores do Colóquio, falando de se suas causas/pautas/lutas, distribuindo, panfletos, livros, materiais diversos e, PRINCIPALMENTE, interagindo e se (nos) conhecendo mais e melhor!!


Enquanto a feira acontecia (foi até por volta das 17h15), como tradicionalmente ocorre em feiras do tipo, em paralelo, ocorriam alguns eventos pontuais...

Como uma ato emocionante em respeito/lembrança às 43 vítimas de AYOTZINAPA (pois o trágico incidente, na virada de hoje para amanhã, completará 7 meses, sem solução)



 E uma roda de "Diálogo aberto sobre questões institucionais" (das diversas entidades presentes) para quem quisesse participar (vide na foto abaixo, os participantes perto do palco...)

 Tudo acontecendo, sem, contudo, parar a Feira...



E, até em função destas várias dinâmicas ocorrendo ao mesmo tempo e em completa sintonia, acabei conseguindo me amalgamar com a energia maravilhosa do momento e tive a oportunidade de interagir bastante, aprender bastante e, trazer, para vocês (10 ou 12 que nos visitam hehehe), algumas falas/mensagens exclusivas, como por exemplo, da...
  • Ana Paula Portella Ferreira Gomes, que é de Porto Alegre e fez seu doutorado em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Atualmente atuando como pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Violência, Criminalidade e Políticas Públicas de Segurança da UFPE e com grande atuação no movimento (no Recife) "Ocupe Estelita".

  • E da ativista chilena Daniela Paz Quintanilla Mateff, que faz parte da equipe jurídica da ONG "Corporación Humanas" (centro de estudos e ação política feminista para a defesa dos Direitos Humanos das mulheres na América Latina.), fazendo parte da equipe jurídica.

Por fim, 17h30 passada, nenhuma vontade de ir embora mas, fui...

Já desejando voltar logo amanhã e por falar nisto, vou fechando o post por aqui, pois preciso dormir um pouco... Até breve, até logo, até já!!

Borandar!!
Obs: Quem estiver sentindo falta de comentários mais aprofundados, saiba que quando o Colóquio acabar e todos os 5 dias forem devidamente relatados, após passar um "pente fino" em possíveis erros de digitação e de português que a pressa e o sono ajudam a acontecer, farei uma sexta publicação com o meu balanço de tudo. Evidentemente que irei, nesta publicação, reiterar os elogios muito merecidos à toda a organização, mas, também trarei observações e comentários extras, promessa!!

Obs2: Quem está sentindo falta dos vídeo que tradicionalmente faço (e subo) de/das palestras que vejo, onde vou, saiba que tal ausência se deve ao fato de que o CONECTAS tem o costume de subir e deixar este material nas respectivas páginas oficiais dos Colóquios. Quando isto ocorrer, irei linkar tal página, aqui...
Obs3: Não tem obs3, até amanhã!!








F.A.Q.

FAQ (tchau O.I. oi Nerd na Trip)

Agora que consegui sentar e sossegar bora tirar dúvidas da patota...

Quer saber as novidades em 1ª mão???

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